sexta-feira, 5 de outubro de 2012


Gargantua de Rabelais e o Renascimento

 

O príncipe Gargantua, o bebê gigantesco de Rabelais, nascido ao ar livre, em meio a uma festa, acordando para a vida abrasado pela sede e pedindo alto o que beber, deve ter sido um símbolo intencional da infância do Renascimento, que veio ao mundo desenfaixado e sedento, para beber e tornar-se forte bastante para a derrubada de falsas barreiras e a reinstalação dos sentidos, que a religião ensinar a desprezar. A beleza se manifestou novamente ao homem – a beleza e a alegria que ele aprender a considerar como inimigas mortais do Cristianismo. E, inspirado em mármores e manuscritos recém encontrados, numa espécie de intoxicação, abraçou de novo o Paganismo e a Natureza, e reconheceu no corpo do homem o intérprete, não o adversário de sua alma.
 
Essa emancipação, esse poder de expressão, manifestou-se em todas as direções. A mente humana estava apaixonada; não havia uma região árida no reino do conhecimento e da arte. A arte oi, talvez, o meio mais vigoroso e permanente de auto-revelação escolhido pelo Renascimento. Na pintura, na escultura, na ourivesaria e nas gemas cinzeladas, aquele maravilhoso período floresceu e frutificou, tão fértil quanto se fosse uma segunda natureza com suas próprias leis e estações.”

In: SICHEL, Edith. O Renascimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
 

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