quarta-feira, 14 de março de 2012

O belo feminino - Nancy Etcoff


O BELO FEMININO



A beleza é um sistema monetário assim como o ouro. Como qualquer economia, é determinada pela política e, na idade moderna, é o último e melhor sistema de crenças que mantém a dominação masculina intacta. As imagens que vemos à nossa volta são baseadas em um mito. A beleza é uma ficção conveniente usada por indústrias milionárias que criam imagens do belo e as traficam como ópio para as massas femininas. A beleza conduz as mulheres ao lugar em que os homens as querem, fora das estruturas de poder. O capitalismo e o patriarcado a definem como consumo cultural, e colam suas imagens em toda parte para instigar a inveja e o desejo. A cupidez que inspiram serve a seus dois propósitos: fazer dinheiro e preservar o status quo.

Podendo cultivar os atributos da beleza, as mulheres, no entanto, quase nunca têm a oportunidade de cultivar seus outros atributos.

A mídia controla e dirige o desejo e reduz a amplitude de nossa faixa de preferências. Uma imagem que agrada a um grande grupo se torna molde, e a beleza é seguida pelo imitador, e depois pelo imitador do imitador.

Em apenas um ano 696.904 americanas se submeteram a uma cirurgia estética que envolvia alterar seu corpo. 400 dessas mulheres se submetiam a implante de silicone. Antes, os implantes de seios eram território das estrelas de filmes pornôs. Agora são a norma para atrizes de Hollywood e donas de casa.

Esses procedimentos drásticos não são adotados para a correção de deformidades, mas para melhorar detalhes estéticos. As pessoas se arriscam a procedimentos perigosos, gastam seus recursos econômicos com eles, que até parece que a vida depende disso. No Brasil, há mais mulheres vendendo Avon, Natura, etc, do que membros do exército. Nos EUA, gasta-se mais dinheiro com beleza do que com educação ou serviços sociais. Toneladas de maquiagem são vendidas por minuto.

O mundo está envolvido na insanidade de massa ou há uma certa lógica racional nessa loucura. A aparência é o nosso sacramento, o ego visível que o mundo presume ser o espelho do ego invisível, interior.




FRASES:

"Trabalhar duro como eu trabalhei, para realizar alguma coisa e, então, um panaca qualquer aparece para dizer: "Tire os óculos escuros e deixe que as pessoas vejam esses olhos azuis, é realmente desencorajador". (Paul Newman -ator).

"Mas valha-me Deus, que as coisas possam ser adoráveis sem serem bonitas, espero". (George Eliot)

"Como eu não falaria de sua beleza, já que sem ela eu nunca a teria amado?" (John Keats carta a Fanny - 1819).

O texto acima é parte da introdução do livro: "A lei do mais belo: a ciência da beleza". Nancy Etcoff.

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