quarta-feira, 7 de março de 2012

A Evolução – Desmond Morris


Para o zoólogo, o ser humano é um macaco sem cauda com um cérebro enorme. O que mais surpreende nele é seu incrível sucesso como espécie. Enquanto outros macacos se escondem em seus últimos refúgios, aguardando a chegada das correntes que vão aprisioná-los, 6 bilhões de humanos ocupam quase todo o globo, espalhando-se tanto e com tal velocidade a ponto de mudar drasticamente a paisagem como uma praga de gafanhotos gigantes.

            O segredo desse sucesso é sua capacidade de viver em agrupamentos cada vez maiores, onde, mesmo na mais alta densidade populacional, são capazes de se adaptar às tensões da vida e continuar procriando sob condições que qualquer outro macaco acharia insuportáveis. Além dessa capacidade, existe ainda uma curiosidade insaciável que os faz buscar sempre novos desafios.

Essa combinação mágica de sociabilidade e curiosidade foi possível graças a um processo evolucionário chamado neotenia, que permite aos humanos manter caracteres juvenis na vida adulta. Outros animais brincam quando são jovens, mas perdem essa capacidade quando amadurecem. O homem continua brincando e se divertindo por toda a vida – é um Peter Pan que nunca cresce. Naturalmente, quando se tornam adultos, os homens dão nomes diferentes a essa brincadeira: chamam-na arte ou pesquisa, ou esporte ou filosofia, música ou poesia, viagem ou divertimento. Como as brincadeiras infantis, todas essas atividades envolvem inovação, risco, exploração e criatividade. E são elas que nos tornam verdadeiramente humanos.



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