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O
Martírio de Santa Catarina (1506)
Lucas
Cranach, o Velho (1472-1553)
Óleo
s/ madeira – 126x141cm
Pinacoteca
dos Mestres Antigos - Dreden
Sobre Catarina
Catarina, uma das
santas mais populares entre os artistas medievais, era uma senhora de alto
nascimento da Alexandria do século IV. Ela recusara a proposta de casamento do
imperador Maxentius e disputara com êxito com 50 filósofos pagãos sobre o
mérito do cristianismo, sendo condenada a ser quebrada na roda. No entanto, a
roda é que foi quebrada por um raio divino, e muitos dos pagãos forram assados por
ele. No final, tiveram que decaptar a jovem senhora.
A
Pintura de Lucas Cranach
Cranach trata essa
história fantástica com uma mesmerizante mistura de realismo e extravagância. A
cena é disposta sob um ameaçador céu alemão e iluminada por relâmpagos. Mostrada
em detalhes brilhantes, Wittenberg está no canto esquerdo no alto do painel
central, e Cranach retrata a elite da cidade – professores, teólogos e nobreza –
na multidão, rodeando Catarina, sendo convertidos por sua pia eloqüência.
O grande humanista Schwarzenberg cai de seu cavalo. Frederico, o sábio, parece intrigado. Amigos e patronos, amorosamente pintados, são varridos para a catástrofe, suas almas são salvas, os corpos prestes a serem destruídos.
As cores são claras, frescas, ofuscantes. Flores, árvores, samambaias e relvas exóticas abundam.
No meio de tudo, Catarina, bela e sem esmorecer, ajoelha-se serenamente, esperando a morte e o sacrifício com autoconfiança. Está vestida com suas melhores roupas, como uma noiva de Cristo: um soberbo traje de veludo escarlate com pesados enfeites de ouro, delicada renda de Bruxelas nos punhos, rubis e pérolas no peito, com um colar de ouro à volta dos ombros. Seu cabelo vermelho é cuidadosamente crespo.
Seu executor, no ato de puxar a espada, é tão elegante quanto ela. Seu bonito rosto louro é o de Pfeffinger, conselheiro do rei. Ele é alto, esbelto, desenfreadamente vestido à última moda, com calções listrados de preto, vermelho e branco, fitas de seda dourada atadas pouco abaixo do joelho, e um casaco de seda dourada cortada bordada com flores.
Seu pajem é igualmente chique, e num dos lados do painel, um encantador jovem, cujo modelo é John Frederick, o filho do rei, distribui flores para as três belas santas – Santa Dorotéia, Santa Agnes e Santa Cunigunda – tendo já se enfeitado com uma grinalda de botões.
Três senhoras igualmente exuberantes – Santa Bárbara, Santa Úrsula e Santa Margarida – permanecem no outro lado do painel, acompanhadas por um dragão domesticado e sob proteção do Castelo Coburg.
O grande humanista Schwarzenberg cai de seu cavalo. Frederico, o sábio, parece intrigado. Amigos e patronos, amorosamente pintados, são varridos para a catástrofe, suas almas são salvas, os corpos prestes a serem destruídos.
As cores são claras, frescas, ofuscantes. Flores, árvores, samambaias e relvas exóticas abundam.
No meio de tudo, Catarina, bela e sem esmorecer, ajoelha-se serenamente, esperando a morte e o sacrifício com autoconfiança. Está vestida com suas melhores roupas, como uma noiva de Cristo: um soberbo traje de veludo escarlate com pesados enfeites de ouro, delicada renda de Bruxelas nos punhos, rubis e pérolas no peito, com um colar de ouro à volta dos ombros. Seu cabelo vermelho é cuidadosamente crespo.
Seu executor, no ato de puxar a espada, é tão elegante quanto ela. Seu bonito rosto louro é o de Pfeffinger, conselheiro do rei. Ele é alto, esbelto, desenfreadamente vestido à última moda, com calções listrados de preto, vermelho e branco, fitas de seda dourada atadas pouco abaixo do joelho, e um casaco de seda dourada cortada bordada com flores.
Seu pajem é igualmente chique, e num dos lados do painel, um encantador jovem, cujo modelo é John Frederick, o filho do rei, distribui flores para as três belas santas – Santa Dorotéia, Santa Agnes e Santa Cunigunda – tendo já se enfeitado com uma grinalda de botões.
Três senhoras igualmente exuberantes – Santa Bárbara, Santa Úrsula e Santa Margarida – permanecem no outro lado do painel, acompanhadas por um dragão domesticado e sob proteção do Castelo Coburg.
Esse trabalho
maravilhoso, a obra-prima de Cranach, respira alegria e santidade, apesar de
seu tema sensacional. É uma mistura incongruente mas, de certa forma,
profundamente satisfatória dos valores medievais do norte com o eletrizante
novo espírito do sul, um hino de felicidade à descoberta alemã do Renascimento.
JOHNSON, Paul. O Renascimento.Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
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