sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Arthur Rimbaud
 
Gustav Klimt
 
 
Minhas pequenas namoradas

Um líquido molhado lava
O céu cor de uvas:
Sob a árvore broto que baba,
Seus guarda-chuvas


Brancos de luas particulares
Das marcas airosas,
Choquem as suas joelheiras,
Minhas feiosas!


Nos amávamos naquela época
Feiosa azul!
Comíamos ovos quentes
E capim do sul!


Uma noite me chamaste poeta,
Loira feia:
Vem aqui receber o chicote
De mão cheia;


Vomitei tua brilhantina
Feiosa preta;
Você cortaria minha mandolina
Com tua careta.


Puá! minha saliva ressecada,
Ruiva feiosa
Ainda infecciona a sacada
Do teu seio rosa!


Ó minhas pequenas namoradas,
Como vos odeio!
Coloquem algum recheio
Em vosso seio!


Pisoteiem os meus restos
De sentimento;
Opa! Sejam bailarinas
Por um momento!...


Suas omoplatas desparafusam,
Ó meus amores!
Uma estrela a seus rins mancos
Girem horrores!


E é pra estas ninharias
Que tenho rimado!
Queria quebrar suas bacias
Por terem amado!


Monte insípido de estrelas vadias
Limpem os cantos!
Vocês morrerão em Deus, chapadas
De vis encantos!


Sob as luas particulares
Das marcas airosas,
Choquem as suas joelheiras,
Minhas feiosas!



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