EZRA POUND (1885-1972)
Chamado de Pai do Modernismo, Ezra
Pound foi o último remanescente de um grupo de revolucionários que mudou,
através do espírito irriquieto dos jovens expatriados come from America,
o curso da literatura de língua inglesa no século XX.
Decidido desde a juventude que saberia
mais de poesia do que qualquer homem vivo, Ezra Pound ligou-se à criação de
movimentos que reestruturaram o panorama artístico anglo-americano do período
anterior e posterior aos dois conflitos bélicos mundiais e, maldito por uns,
louvado por uma legião de fiéis discípulos, tornou-se o poet’s poet que,
ao longo de sessenta anos de atividade literária, deixou de sua própria autoria
setenta volumes que compreendem poesia, crítica literária, ensaios e traduções.
Contribuiu ainda diretamente em cerca de outras setenta publicações, além de ter
escrito mais de 1.500 artigos que versam, inclusive, sobre teoria política e
econômica.
Pound fez sua influência presente em
tantos autores contemporâneos que seria impossível citar-lhes todos os nomes.
Frost, T.S. Eliot, D.H. Lawrence, Yeats e Joyce forma concordes em recolher-lhes
o débito. O autor de Os Cantos sobreviveu àqueles a quem influenciou, quer
diretamente ou indiretamente, e até a sua morte, aos 87 anos em Veneza, parecia
que uma brilhante época literária não tinha realmente chegado ao fim.
Filho único de um funcionário do
Federal Land Office, Homer Loomis Pound, natural de Wsiconsin, e da nova
iorquina Isabel Weston, Ezra Loomis Pound nasceu aos 30 de outubro de 1885 na
pequena cidade mineira de Hailey, Idaho. Por volta de 1887, a família Pound
muda-se para o leste americano e, depois de uma nomeação de Homer Pound para
outro departamento estatal na Filadélfia, instala-se em junho de 1889 próximo a
Wyncote. O pequeno Ezra leva, então, uma vida normal de menino classe média e em
1898 vai à Europa como acompanhante de uma tia-avó.
Pound freqüenta a Academia Militar de
Cheltenham, mas abandona-a antes de graduar-se e ingressa numa escola secundária
local. Desta escola vai para a Universidade da Pennsylvania onde permanece por
dois anos (1901-1903). Nova viagem à Europa, em 1902, agora com os pais. Na
Universidade conhece dois jovens poetas, William Carlos Williams e Hilda
Doolittle, que serão mais tarde, além de Amy Lowell, os pilares do
imagismo. Williams será um amigo de cuja amizade Pound há de privar por
toda a vida e Doolittle juntar-se-á a ele anos depois na Europa, onde a mesma
fixará domicílio em 1911. É ainda na Pennsylvania que Pound entra em contato com
a grande literatura clássica européia. Em 1905 recebe do Hamilton College,
Clinton, Nova York, o bacharelado (Ph.B.) e volta para a Universidade da
Pennsylvania para os estudos de pós-graduação. Em 1906 conclui o mestrado e
recebe o M.A. No verão deste mesmo ano, vai ao Velho Mundo outra vez e colhe
material para seus três primeiros artigos, todos publicados pela Book News
Monthly, Filadélfia: Raphaelite Latin, acerca dos poetas latinos da
Renascença; Interesting French Publications, onde trata dos trovadores
(edição de setembro de 1906); e Burgos, a Dream City of Old Castile
(edição de outubro). No intuito de prosseguir os estudos visando o doutorado,
Pound permanece por mais um ano na universidade, porém desiste em seguida e
abandona a instituição levando consigo uma especialização em filologia românica
e um profundo conhecimento de latim, grego, italiano, alemão, espanhol,
provençal, anglo-saxão, francês, assim como de gramática e literatura
inglesa.
Como profissional Pound vive uma
efêmera carreira acadêmica de apenas quatro meses. Contratado pelo Wabash
Presbyterian College, Crawfordsville, Indiana, no outubro de 1907, é, no
entanto, demitido quando flagrado com uma mulher numa das dependências
destinadas aos professores da instituição. O comportamento geral do poeta
reflete completamente uma educação presbiteriana, ao passo que a poesia já o
arrasta para uma existência boêmia, conturbada, mas indiscutivelmente
produtiva.
Em fevereiro de 1908, Pound parte para
a Europa como empregado braçal no convés de um barco de gado. Leva consigo uma
bagagem mínima e o manuscrito de um livro de poemas, o qual for recusado por,
pelo menos, um editor norte-americano.
Novamente na Europa, porém com pouco
dinheiro, Pound ruma para Gibraltar e sul da Espanha e, em seguida, vai para
Veneza, onde revisa e publica, às próprias expensas, o manuscrito que trouxera
da América: A Lume Spento (1908). Por volta de 1908 segue rumo a Londres.
Nesta cidade é auxiliado por Ford Madox, Ford, o qual o publica na English
Review. De 1908 a 1920, os anos de Londres, a máxima Make It New!
torna-se o grito de concentração do modernismo e sendo a capital britânica o
centro da atividade literária, Pound torna-se também, aos poucos, o centro do
centro – descobrindo, ensinando, promovendo e servindo como incansável agente a
qualquer novo talento que lhe surja pela frente.
Pound passa a freqüentar o círculo do
famoso poeta William Butler Yeats – mais tarde Pound o persuadirá a adotar um
estilo literário – e através dos movimentos modernistas que se espalham, trata
de ressuscitar a arte morta da poesia ao lado do filósofo T.E. Hulme integra a
escola das imagens, que será a base para o Imagismo – a composição de
versos livres e curtos que representam uma única imagem. Com Wyndham Lewis
promove o vorticismo, a versão literária do cubismo, que defende a
poesia de vigoroso impacto com uma simples imagem no seu
vórtex.
A Inglaterra dá a Pound um sucesso
repentino e o poeta traduz incessantemente. Publica Personae, abril de
1909, sua mais importante coleção de poemas, segundo alguns críticos. Segue-se
Exultations, outubro do mesmo ano. The Spirit of Romance, baseado em
conferências proferidas em Londres de 1909-10, vem ao lume em 1910.
Esperançoso de conseguir sucesso em
seu próprio país, talvez em Nova York ou Filadélfia, Pound volta aos EUA,
todavia sua tentativa, desesperada e mal sucedida, fá-lo regressar decepcionado
à Europa em fevereiro de 1911. Visita, então, a Itália, França e Alemanha.
Conhece Alfred R. Orage, editor do semanário socialista New Age, por fins
de 1911. O jornalista inglês dá a Pound liberdade de utilizar as páginas do
semanário e ainda proporciona-lhe, durante os nove anos seguintes, uma pequena,
mas regular renda.
Como correspondente estrangeiro da
Poetry: A Magazine of Verse de Miss Harriet Monroe (1912-1919), de
Chicago, Pound descobre novos autores e novas tendências. Apresenta ao público
americano poetas como Eliot e Frost, aos quais assiste, revisa e publica; e faz
mais que realçar a importância da Poetry, pois através dela e de outras pequenas
revistas divulga princípios de reforma e torna-se figura dominante na poesia
anglo-americana. É ainda um dos primeiros a difundir o trabalho de D.H Lawrence
e a elogiar a escultura de Jacob Epstein e Henri Gaudier-Brzeska, ambos
modernistas. De 1912-14, Pound assume a liderança do movimento imagista,
sucessor da escola das imagens e redige então o primeiro manifesto dessa
corrente – com ênfase na linguagem esparsa, direta e imagens precisas da poesia.
Des imagistes, a primeira antologia
do movimento, é publicada em 1914. Pound coopera com o desconhecido irlandês
James Joyce e, ainda em 1914, casa-se com Dorothy Shakespear, filha de Olívia
Shakespear, uma amiga do poeta Yeats. Através de The Egoist (Londres) e depois
de The Little Review (Noca York), assiste a publicação de Retrato do Artista
Quando Jovem e Ulisses e difunde o nome de Joyce, fato que assegura ao jovem
escritor certo apoio financeiro. Também nessa época Eliot recebe igual
assistência da parte do poeta de Mauberley.
Em meio ao trabalho de divulgação e
formação de uma literatura moderna, Pound continua a compor uma poesia que é
essencialmente fruto de sua cultura universal e que apresenta um excelente
manejo lingüístico. Publica Ripostes (1912), Lustra (1916)e a prosa crítica
Pavannes and Divisions (1918). Na esteira do espólio do grande orientalista
Ernest Fenollosa, do qual Pound toma conhecimento em 1913, lança versões
inglesas, altamente aclamadas, da poesia primitiva chinesa, Cathay (1915), e
também dois volumes do drama japonês Noh (1916-17), dando assim espaço às
técnicas orientais que se tornam uma voga modernista.
A ruína aliada à carnificina, ambas
provocadas pela Primeira Grande Guerra, abalam Pound. O poeta sente que, depois
do conflito, um espírito de desesperança paira sobre a Inglaterra e decide então
mudar-se para a Cidade Luz, Paris. Anterior a partida, Pound publica Quia Pauper
Amavi (1919) e Hugh Selwyn Mauberley (1920), importantes trabalhos que expressam
a desconfiança do autor diante do capitalismo e da civilização que o reflete.
Quia Pauper Amavi contém Homage to Sextus Propertius, um comentário sobre o
Império Britânico de 1917 à maneira do Propertius e do Império Romano. Hugh
Selwyn Mauberley, considerado como uma sátira das forças materialistas
envolvidas no conflito mundial, é um retrato esplendidamente bem feito do
aspecto da cultura britânica de 1919, fato que o eleva a um dos poemas mais
admirados do século XX.
Permanecendo na capital francesa por
quatro anos (1920-1924), o Pai do Modernismo, agora uma força menor mas ainda
potente, move-se entre os expatriados britânicos e americanos da Geração
Perdida da mesma maneira, ou seja, atuante, direcionador e sempre solicito às
novas manifestações artísticas. É nesse período também que Pound assiste T.S.
Eliot na publicação de The Waste Land e a gratidão do futuro Nobrel de
Literatura (1948) expressar-se-á numa dedicatória extraída da A Divina Comédia,
de Dante. Um jovem escritor americano, Ernest Hemingway, é ainda um dos outros
tantos que recebem em Paris a ajuda e a assistência de Pound. Baseando-se na
poesia de François Villon, Pound escreve a opera Le Testament, que será exibida
em Paris em 1926 e trabalha como correspondente do Dial, jornal literário de
Nova York, o qual o contemplará, em 1927, com um prêmio de dois mil dólares por
distintos serviços à literatura americana.
Pound deixa paris em 1924 e a Itália,
precisamente Rapallo, será o lar do poeta pelos trinta anos seguintes. Em 1925
Pound tem com Olga Rudge, uma violinista americana expatriada, uma filha, Maria,
que será criada por uma camponesa no Tirol italiano. Em 1926, Dorothy dá a luz a
Omar, segundo filho do poeta – a exemplo de Maria, o menino será criado por
parentes na Inglaterra. de 1927-1928, Pound edita Exile, sua própria revista. Em
1930 publica A Draft of XXX Cantos, seções várias dos longos e ambiciosos
poemas The Cantos, iniciados em 1915. ao contrário da Divina
Comédia, The Cantos representarão a comédia humana, não divina, ao
tratar da ruína das civilizações motivada pela infidelidade do gênero humano em
três épocas distintas: a Antiguidade, a Renascença e a Idade Moderna. Novos
volumes de The Cantos surgem nos anos 30 – Eleven New Vatos, 1934; The Fifth
Decad of Cantos, 1937; Cantos LII-LXXL, 1940. O interesse de Pound pela arte não
se restringe apenas à literatura. De fato, atraído pela música, promove uma
longe série de concertos em Rapallo, ainda durante a década de trinta e,
assistido por Olga Rudge, redescobre Antonio Vivaldi, famoso compositor italiano
do século XVII. A contínua investigação de Pound no campo da cultura em geral e
da história produzirá uma prosa fragmentária, mas sobretudo brilhante: Guide to
Kulchur (1938).
Em 1918 (Pound) conhecera em Londres
C.H. Douglas, fundador do Crédito Social – teoria econômica segundo a qual a má
distribuição de riquezas, devido ao insuficiente poder aquisitivo, é a causa das
depressões econômicas – e anos depois, largamente influenciado pelas idéias de
Douglas, é levado a repensar a história, haja vista a crise econômico-financeira
mundial no período que precede à Segunda Guerra Mundial. Pound acredita que a
confusão de moedas e operações bancárias por parte dos governos e do público,
bem como a manipulação do câmbio por banqueiros internacionais, levou o mundo à
uma longa série de guerras. Em trabalhos como ABC of Economics, 1933; Social
Credit, 1935; What Is Money For?, 1939, vê-se não o poeta, mas um pensador
altamente obsecado pela reforma monetária e pela teoria econômica, o qual não
mede esforços em criticar violentamente o capitalismo americano, os judeus e a
usura. Com a ascensão do fascismo, Pound, agora envolvido na política, declara
sua admiração por Mussolini e continua a expressar suas idéias
político-econômicas em trabalhos de prosa como Jefferson e/ou Mussolini
(1935) e, obviamente, em - estes, sob a obsessão do poeta, mostraram-se
desde o princípio uma evidência de se tornarem uma série incontrolável de
episódios histórico-pessoais.
Enquanto a Europa mergulha na II
Guerra Mundial, Pound retorna à América em 1939, na esperança de manter a paz
entre os Estados Unidos e a Itália, mas o muito que consegue é um título
honorífico de Hamilton College, Desapontado volta à Itália e torna-se
rádio-difusor da propaganda pró-fascista para a Inglaterra e EUA no período
entre 1941 e 1943. O foco das locuções do poeta pela Rádio Roma varia de James
Joyce ao controle da moeda pelo governo americano e pelos banqueiros judeus.
Pound condena abertamente, e com freqüência, os esforços de guerra do governo de
seu país.
Terminado o conflito bélico em 1945,
Pound acusado de traição, é preso e permanece por seis meses num campo de
concentração para prisioneiros de guerra, próximo à Pisa. Apesar das duras
condições do cárcere, Pound traduz Confúcio para o inglês (The Great Digest
& Unwobbling Pivot, 1951) em escreve The Pisan Cantos (1948), a seção mais
tocante dos longos, mas ainda em andamento, poemas épicos.
Conduzido à América para ser julgado
por traição é, contudo, declarado insano, após exames psiquiátricos, e confinado
ao St. Elizabeths Hospital, Washington, Distrito de Columbia, por um período que
se estende de 1946 a 1958. Pound recebe regularmente a visita de muitos
admiradores e mantém uma vasta agora correspondência com várias partes do mundo.
escreve ainda novas seções de The Cantos (Rock Drill, 1955; Thrones, 1959),
traduz poesia chinesa (The Classic Anthology, 1954) e Sófocles (Trachnai, Women
of Trachis, 1956).
Um grupo de distintos juizes outorga
aos Pisan Cantos o prêmio Bollingen, em 1949. Partindo do pressuposto de que um
traidor deve ser punido e não laureado, a concessão de tal prêmio divide o
mundo,literário e intelectual de então. O poeta, no entanto, permanece no
manicômio, mas em 18 de abril de 1958, e graças a intervenção de Hemingway,
Eliot, Frost e outros mais, é declarado incapaz de submeter-se a julgamento,
sendo retiradas as acusações que pesavam sobre ele. Autorizado a deixar o St.
Elizabeths, Pound volta à Itália e desde então passa a viver entre Rapallo e
Veneza. The Cantos, agora cima de uma centena, são concluídos em 1960 e o poeta
silencia.
Embora a controvérsia iniciada com os
Pisan Cantos tenha continuado e incitar partidários e contribuições às
realizações de Pound, sua importância durante a segunda e a terceira décadas
deste século é inquestionável. Toda a sua obra poética apresenta uma diversidade
de formas onde se incluem peças imagistas, vorticistas, prosa e poemas diversos
sutilmente trabalhados, além de traduções e adaptações do chinês, italiano,
provençal, latim, francês e do anglo-saxão. As técnicas inovadoras empregadas
pelo poeta em The Cantos, às vezes, tornam-no falho, todavia passagens
individuais o salvam pela beleza poética e brilhante domínio lingüístico. É
também na crítica literária que Pound projeta-se e cria conceitos que norteiam
muitos estudiosos de literatura, como se pode ler na seguinte análise extraída
de How to Read (1931): “Literatura é a
linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente a linguagem
carregada de significado até o máximo grau possível.
Pound admitiu, no fim da vida, seu
fracasso com teórico social e poeta, mas seu papel de renovador, além de líder
desgarrado da poética de um tempo perdido, fê-lo ocupar uma posição de destaque
entre poetas contemporâneos e de outras épocas, igualmente revolucionários e
inovadores. a verdade é que poucas figuras do mundo das letras provocaram tanto
ódio quanto ele provocou, poucas ainda trabalharam tão prodigiosamente pela
poesia e despertaram tamanha admiração e reconhecimento.
Ezra Loomis Pound faleceu em Veneza no
dia primeiro de novembro de 1972.
A obra poética de Pound compreende os seguintes
títulos: A Draft of Cantos XXXI-XLI (1934), A Draft of
XXX Cantos (1930), A Lume Spento (1908), Cantos I-XVI (1925), Cantos LII-LXXI
(1940), Cantos XVII-XXVII (1928), Canzoni (1911), Exultations (1909), Homage to
Sextus Propertius (1934), Lustra and Other Poems (1917), Patria Mia (1950),
Personae (1909), Provenca (1910), Quia Pauper Amavi (1919), The Cantos (1972),
The Fifth Decade of Cantos (1937), The Pisan Cantos (1948), Umbra: Collected
Poems (1920). Por sua vez, escreveu as seguintes obras
em prosa: ABC of Economics (1933), Antheil and the Treatise on Harmony (1924),
Digest of the Analects (1937), Gaudier Brzeska (1916), Guide to Kulchur (1938),
How To Read (1931), Imaginary Letters (1930), Indiscretions (1923), Instigations
(1920), Jefferson and/or Mussolini (1935), Literary Essays (1954), Make It New
(1934), Pavannes and Divisions (1918); Polite Essays (1936), Prolegomena: Volume
I (1932), Selected Prose: 1909-1965 (1973), Social Credit and Impact (1935), The
ABC of Reading (1934), The Spirit of Romance (1953), What is Money For?
(1939).
Pound também participou de inúmeras
antologias, sendo as principais dentre eleas: Cathay (1915), The Classic Anthology Defined (1954), The Great
Digest, and the Unwobbling Point (1951), The Translations of Ezra Pound
(1953).
A VIRGINAL
By Ezra
Pound
No, no! Go from me. I have left her
lately.
I will not spoil my sheath with lesser
brightness,
For my surrounding air hath a new
lightness;
Slight are her arms, yet they have
bound me straitly
And left me cloaked as with a gauze of
aether;
As with sweet leaves; as with subtle
clearness.
Oh, I have picked up magic in her
nearness
To sheathe me half in half the things
that sheathe her.
No, no! Go from me. I have still the
flavour,
Soft as spring wind that's come from
birchen bowers.
Green come the shoots, aye April in the
branches,
As winter's wound with her sleight hand
she staunches,
Hath of the trees a likeness of the
savour:
As white their bark, so white this
lady's hours.
VIRGINAL
Ezra Pound
Não, não! Sai de mim. Deixei-a
recentemente.
Não estragarei minha bainha com
inferior agudeza,
Pois minha circundante atmosfera tem
uma nova leveza;
Finos são seus braços, porém ataram-me
eles apertadamente
E cobertos deixaram-me com vaporoso
tecido –
Tal como doces licenças, uma
transparente sutileza.
Oh, eu improvisei mágica na sua
intimidade
Para revestir-me, meio a meio, naquilo
que ela esconde.
Não, não! Sai de mim. Tenho ainda o
aroma
Suave como o vento primaveril que os
caramachões vergasta.
Verdes tornaram-se os rebentos, sempre
abril nos galhos,
Feito golpes do inverno, com truques
de mão ela estanca
E tem das árvores a semelhança do
gosto
Como a branca cortiça, tão branca como
desta senhora as horas.
Tradução livre de Dalcin Lima, do
livro inédito Faça-o Novo e Outras Vozes da Revolução Modernista - Vol 1 (Uma
Antologia de Poesia Norte-Americana Moderna e Contemporânea).
A PACT
By Ezra
Pound
I make a pact with you, Walt Whitman -
I have detested you long
enough.
I come to you as a grown
child
Who has had a pig-headed
father;
I am old enough now to make
friends.
It was you that broke the new
wood,
Now is a time for carving.
We have one sap and one root –
Let there be commerce between us.
UM PACTO
Ezra Pound
Faço um pacto contigo, Walt Whitman
–
Detestei-me por bastante
tempo.
Venho a ti como uma criança
crescida
Que teve um pai cabeçudo;
Estou velho demais agora para fazer
amigos.
Foste tu que rachaste a madeira
nova,
É hora então de talhá-la.
Temos uma única seiva, uma única raiz
–
Haja, pois, comércio entre nós!
Tradução livre de Dalcin Lima, do
livro inédito Faça-o Novo e Outras Vozes da Revolução Modernista - Vol 1 (Uma
Antologia de Poesia Norte-Americana Moderna e Contemporânea).
SONG IN THE MANNER OF
HOUSMAN
By Ezra
Pound
O woe, woe,
People are born and die,
We also shall be dead pretty soon
Therefore let us act as if we were
dead already.
The bird sits on the hawthorn tree
But he dies also, presently.
Some lads get hung, and some get shot.
Woeful is this human lot.
Woe! woe, etcetera . . . .
London is a woeful place,
Shropshire is much pleasanter.
Then let us smile a little space
Upon fond nature's morbid grace.
Oh, Woe, woe, woe, etcetera . . .
MENSAGEM DO SR.
HOUSEMAN
Ezra Pound
Ó desgraça, desgraça,
As pessoas nascem e
morrem,
Morremos também bastante
cedo,
Portanto representemos como se já
estivéssemos mortos.
O pássaro empoleira-se no
espinheiro,
Porém, dentro em pouco, também
morre.
Alguns garotos são enforcados, outros
baleados.
Miserável é o destino
humano.
Desgraça! desgraça,
etcetera...
Londres é um lugar
triste,
Shrophsire é muito mais
agradável.
Vamos, então, rir por um pouco
Da terna graça mórbida da
natureza.
Oh, desgraça, desgraça,
desgraça, etcetera...
Tradução livre de Dalcin Lima, do
livro inédito Faça-o Novo e Outras Vozes da Revolução Modernista - Vol 1 (Uma
Antologia de Poesia Norte-Americana Moderna e Contemporânea).
IN A STATION OF THE
METRO
By Ezra
Pound
The apparition of these faces in the
crowd;
petals on a wet, black
bough.
NUMA ESTAÇÃO DO
METRÔ
Ezra Pound
A aparição destes rostos na
multidão:
Pétalas num
negro galho molhado.
Tradução livre de Dalcin Lima, do
livro inédito Faça-o Novo e Outras Vozes da Revolução Modernista - Vol 1 (Uma
Antologia de Poesia Norte-Americana Moderna e Contemporânea).
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