"O ataque as torres foram a maior obra de arte do século" (Stockhausen)
“Se criticarmos a arquitetura, cujas produções
monumentais são atualmente os verdadeiros senhores em toda a terra, estaremos,
de certa forma, criticando o homem”. (Georges Bataille)
O ensaio de Thomas de
Quincey, Do assasinato como uma das
belas-artes (1827), passa a ser o manual irônico do comportamento social.
Seu contemporâneo Pierre-François Lacenaire, poeta e assassino, apresenta-se
como “flagelo da sociedade” e declama seus poemas mesmo ao pé da guilhotina que
lhe cortaria a cabeça em 1836.
Quanto a Baudelaire,
escreve hinos ao linchamento dos miseráveis: “Bata, meu caro guarda municipal,
o homem no qual você bate é um inimigo das rosas e dos perfumes”. Os escritores
do final do século não ficam para trás no que se refere a entregar-se à
crueldade estetizante: “Que importa a morte de vagas humanidades, se o gesto é
belo”, confidencia Laurent Tailhade, a propósito de um atentado a bomba no
Palais-Bourbon.
O inimigo declarado, a
antítese, da moral dândi é a multidão.
Somente o Eu aparece como fundador de valores que escapam à imunda padronização
dos comportamentos.
Seria preciso esperar
mais de um século, e Joseph Beuys, para que a multidão encontrasse sua legitimidade no âmbito de uma estética da invenção de si, já que ela se torna, no
artista alemão, o material de uma escultura
social.
In: BOURRIAUD, Nicolas. Formas de vida:
a Arte Moderna e a invenção de si. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
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