Para o zoólogo, o ser
humano é um macaco sem cauda com um cérebro enorme. O que mais surpreende nele
é seu incrível sucesso como espécie. Enquanto outros macacos se escondem em
seus últimos refúgios, aguardando a chegada das correntes que vão aprisioná-los,
6 bilhões de humanos ocupam quase todo o globo, espalhando-se tanto e com tal velocidade
a ponto de mudar drasticamente a paisagem como uma praga de gafanhotos
gigantes.
O segredo desse sucesso é sua capacidade de viver em
agrupamentos cada vez maiores, onde, mesmo na mais alta densidade populacional,
são capazes de se adaptar às tensões da vida e continuar procriando sob
condições que qualquer outro macaco acharia insuportáveis. Além dessa
capacidade, existe ainda uma curiosidade insaciável que os faz buscar sempre
novos desafios.
Essa combinação mágica de
sociabilidade e curiosidade foi possível graças a um processo evolucionário
chamado neotenia, que permite aos humanos manter caracteres juvenis na vida
adulta. Outros animais brincam quando são jovens, mas perdem essa capacidade
quando amadurecem. O homem continua brincando e se divertindo por toda a vida –
é um Peter Pan que nunca cresce. Naturalmente, quando se tornam adultos, os
homens dão nomes diferentes a essa brincadeira: chamam-na arte ou pesquisa, ou
esporte ou filosofia, música ou poesia, viagem ou divertimento. Como as
brincadeiras infantis, todas essas atividades envolvem inovação, risco,
exploração e criatividade. E são elas que nos tornam verdadeiramente humanos.
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