O BELO FEMININO
A beleza é um sistema monetário
assim como o ouro. Como qualquer economia, é determinada pela política e, na
idade moderna, é o último e melhor sistema de crenças que mantém a dominação
masculina intacta. As imagens que vemos à nossa volta são baseadas em um mito.
A beleza é uma ficção conveniente usada por indústrias milionárias que criam
imagens do belo e as traficam como ópio para as massas femininas. A beleza
conduz as mulheres ao lugar em que os homens as querem, fora das estruturas de
poder. O capitalismo e o patriarcado a definem como consumo cultural, e colam
suas imagens em toda parte para instigar a inveja e o desejo. A cupidez que
inspiram serve a seus dois propósitos: fazer dinheiro e preservar o status quo.
Podendo cultivar os atributos da
beleza, as mulheres, no entanto, quase nunca têm a oportunidade de cultivar
seus outros atributos.
A mídia controla e dirige o
desejo e reduz a amplitude de nossa faixa de preferências. Uma imagem que
agrada a um grande grupo se torna molde, e a beleza é seguida pelo imitador, e
depois pelo imitador do imitador.
Em apenas um ano 696.904
americanas se submeteram a uma cirurgia estética que envolvia alterar seu
corpo. 400 dessas mulheres se submetiam a implante de silicone. Antes, os
implantes de seios eram território das estrelas de filmes pornôs. Agora são a
norma para atrizes de Hollywood e donas de casa.
Esses procedimentos drásticos não
são adotados para a correção de deformidades, mas para melhorar detalhes
estéticos. As pessoas se arriscam a procedimentos perigosos, gastam seus
recursos econômicos com eles, que até parece que a vida depende disso. No
Brasil, há mais mulheres vendendo Avon, Natura, etc, do que membros do
exército. Nos EUA, gasta-se mais dinheiro com beleza do que com educação ou
serviços sociais. Toneladas de maquiagem são vendidas por minuto.
O mundo está envolvido na
insanidade de massa ou há uma certa lógica racional nessa loucura. A aparência
é o nosso sacramento, o ego visível que o mundo presume ser o espelho do ego
invisível, interior.
FRASES:
"Trabalhar
duro como eu trabalhei, para realizar alguma coisa e, então, um panaca qualquer
aparece para dizer: "Tire os óculos escuros e deixe que as pessoas vejam
esses olhos azuis, é realmente desencorajador". (Paul Newman -ator).
"Mas
valha-me Deus, que as coisas possam ser adoráveis sem serem bonitas,
espero". (George Eliot)
"Como
eu não falaria de sua beleza, já que sem ela eu nunca a teria amado?"
(John Keats carta a Fanny - 1819).
O
texto acima é parte da introdução do livro: "A lei do mais belo: a
ciência da beleza". Nancy Etcoff.
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